quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Feliz Aniversário


Interpretação: Paula Del Bosco
Conto escrito por: Raphael Valenti
Direção: Ligia Moro, Rafael Araujo e Wenceslao Loinaz
Edição: Wenceslao Loinaz

Espaço Vago

Subi no ônibus. Procurei um lugar para sentar, mas não achei. Suspirei alto e senti um toque nas minhas costas. Um arrepio fulminante atravessou meu corpo. Me virei subitamente e, então, o vi. "Sente-se no meu lugar. Eu desço no próximo." E assim ele se foi. Nunca mais senti nada igual, nunca mais o vi, porém nunca o esqueci.


Conto curto criado por Ligia Moro e Raquel Porto.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Anúncio Alcoolismo

Texto produzido por Ligia Moro, Paula Del Bosco e Rafael Araujo.



Meu nome é Pedro e eu sou um poste.
Logo ao amanhecer, Dona Jerezinha passou por mim e foi à padaria comprar pão para o seu marido, como faz há 50 anos.
Patrícia saiu atrasada de casa e quase perdeu o ônibus, de novo. Bruna levou seus filhos à escola pela mão. Ela é boa mãe. O idiota do Max ainda acha que eu sou banheiro e sempre me deixa um presentinho.
Um dia como todos os outros. O trânsito foi aumentando, as pessoas foram ficando impacientes e a sinfonia de buzinas se iniciou. para piorar, meu estimado amigo Fábio, o farol, que andava meio doente, resolveu apagar de vez. Nem preciso dizer o quanto o trânsito piorou.
À medida que a noite se aproximava, o movimento ai diminuindo até que chegou a madrugada. Pessoas bêbadas gritando, carros passando rápido, sem respeitar o farol.
Foi quando eu senti a pancada. Doeu tanto. Senti meu corpo desmoronar e tudo ficou preto.

Essa é uma história fictícia, mas poderia ser verdade. Dirija com responsabilidade

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Fascinação

Estava na rua, cantando e tocando a minha guitarra imaginária, a caminho de casa. Por que as pessoas estavam me olhando? Será porque eu estava escutando minha música preferida? Melhor agir dessa forma a resguardar pensamentos ofensivos à mente.
Andava tranquilamente, pouco me importando com a opinião alheia. Foi quando no final do quarteirão, a avistei. Ela era a garota mais linda que já vi em toda minha vida. Porém passou reto. Foi a única pessoa que não notou nada de extraordinário em mim. Seria isso bom ou ruim?
Ao cruzarmos, pude sentir o enfeitiçador aroma que deixou pelo ar. Seu doce e agradabilíssimo perfume pairou pelo ar como o cheiro de um bolo que acabou de sair do forno. Não pude me conter e virei para trás para vê-la caminhar suavemente. Naquele momento, tudo parecia ter sumido; não havia carros, casas, pessoas... nada ao meu redor. Somente ela, presença esta, que me hipnotizou por completo.
Quando fui retomar meu caminho, a música que estava em minha mente havia se libertado, ou melhor, meu pensamento a substituiu por algo incrivelmente fascinante.
Por um momento não consegui pensar em nada, como se tivesse sofrido uma amnésia instantânea. Quando consegui colocar meus pensamentos em ordem, a única coisa que senti foi um instinto, algo inexplicavelmente tentador, me dizendo para segui-la. Não pude resistir, dei meia-volta e percorri o mesmo caminho que havia passado anteriormente.
Estava um tanto desesperado. Algo dentro de mim aclamava socorro, pedia que a visse urgentemente. Apertei meus passos e logo pude avistar a dona dos meus impulsos mais fortes.
Eu não estava agindo, estava apenas sentindo. Meus movimentos eram coordenados por instintos, não sabia o que estava fazendo, fui me aproximando e ela continuou com seus passos sincronizados, como se estivesse flutuando. Andei como sua sombra por um longo percurso, que no meu ver, parecia nem ter saído do lugar.
A minha presença continuava não sendo notada por ela. Foi quando recebi a ordem de mais um impulso: precisava tocá-la. Naquele instante nada era mais importante que sentir o calor de sua pele nos meus dedos. Não havia como hesitar. Levei calmamente minha mão até seu ombro descoberto, e um “olá” escapou por entre meus lábios. Ela não reagiu. Pensei que pudesse não ter encostado, pois não consegui sentir o calor esperado. Pensei ser conseqüência do meu nervosismo. Qualquer desculpa era válida perante minha angústia sobre sua indiferença.
Fixei mais ainda meus olhos nela, se é que isso era possível, e foi quando aquela linda e enfeitiçadora jovem pareceu entrar em uma nuvem. Tudo começou a ficar esbranquiçado. Esfreguei meus olhos e, quando os reabri, estava no caminho de volta pra casa e ela havia desaparecido.